CENTRO CULTURAL DA UNIVERSIDADE ROVUMA
(CECUR)
MENSAGEM DO REITOR
Caros docentes, discentes e pessoal técnico administrativo
Caros docentes, discentes e pessoal técnico administrativo
Cordiais saudações!
Gostaria de aproveitar esta ocasião para desejar, em nome da comunidade da UniRovuma e em meu nome, boas-vindas a todos a este centro cultural, assim como apresentar os nossos agradecimentos por nos terem honrado com as suas presenças.
A Universidade Rovuma foi criada em 2019 como resultado do processo de reestruturação do Ensino Superior em Moçambique. Embora, aparentemente, seja uma universidade nova, existem muitas valências que permanecem ao longo da história como herança de mais de 35 anos da extinta Universidade Pedagógica, e que devem ser vistos de forma integrada.
Para quem assume esta missão de dar continuidade à trajectória tão exitosa da nossa instituição, é de bom alvitre manifestar a grande satisfação em poder, hoje, testemunhar a realização de três grandes eventos em um lugar novo, seguro e moderno, de cuja beleza nos orgulhamos.
Com mais de 14 mil estudantes, 35 cursos de graduação, 9 cursos de Mestrado e 1 de Doutoramento a iniciar em 2022, a nossa universidade cobre as três províncias da Região Norte de Moçambique, formando cidadãos nacionais e internacionais.
Este centro cultural, empreendimento construído com os fundos do Orçamento do Estado, e os eventos que hoje testemunhamos carregam um enorme simbolismo e exteriorizam o compromisso da UniRovuma com a valorização das artes e da cultura moçambicanas, integrando-as nas nossas actividades de Ensino, Investigação e Extensão Universitária.
Tal como é do nosso conhecimento, a Universidade Rovuma está em acelerado processo de implantação, com a visão de se tornar uma instituição do ensino superior de qualidade, excelência e referência.
Deste modo, ao inaugurarmos o Centro Cultural da Universidade Rovuma, estamos convictos de que o fazemos na intenção de cumprirmos um desiderato que faz parte do nosso plano estratégico, o reconhecimento das artes e cultura como um importante veículo da nossa extensão universitária e reflexão sobre o nosso quotidiano. Estamos, por isso, convictos de que esse é o caminho que queremos percorrer, fazendo jus à nossa missão de instituição de ensino superior moderna, forte e proactiva.
Queremos, portanto, que este centro cultural seja o espelho através do qual reflictamos sobre as diferentes actividades que combinarão a nossa vocação de inserção na comunidade, investigação científica, e promoção de processos de ensino-aprendizagem que tenham como objecto de estudo as artes, a cultura e os processos socioeconómicos envolventes.
Nampula, 25 de Novembro de 2021
Prof. Doutor Mário Jorge C. Brito dos Santos

REITOR
Prof. Doutor Mário Jorge C. Brito dos Santos.
Prof. Doutor Mário Jorge C. Brito dos Santos.

CERIMÓNIA DE OUTORGA DE TÍTULOS DE
DOUTOR HONORIS CAUSA
Arte, Empirismo e Ciências
na trajectória artística em Reinata Sadimba e Justino Cardoso
Traçar uma trajectória no processo artístico da Reinata Sadimba e Justino Cardoso constitui um desafio complexo para as instituições académicas no que concerne ao ensino, investigação e extensão de modo a ampliar e partilhar com a sociedade o trabalho destes dois artistas propostos para atribuição de Doutor Honoris Causa. Não é por acaso.
A exposição traça de uma forma sucinta a produção artística da Reinata Sadimba e Justino Cardoso de uma forma distinta e individual, em diferentes olhares, géneros e materiais (tinta-da-china sobre papel e Cerâmica), para descrever e registar de uma forma única a nossa memória colectiva e a história do País. Cada um, nesta exposição retraça a partir da sua criatividade, experiências do seu entorno e da soma da nossa cultura.
A Reinata Sadimba com os seus trabalhos recentes, no limiar do realismo fantástico, confronta-nos com as suas formas modeladas repletos de signos e símbolos de uma forma ténue, questões prementes da nossa sociedade com grande enfoque a mulher, seus desafios e ao amor.
O Justino Cardoso habilidoso e engenhoso no desenho, cruza no seu processo, factos históricos, míticos e lendas, propondo uma nova narrativa que buscam explorar outras noções da realidade, da nossa memória, recorrendo imagens que não fazem parte da ordenação lógica-científica.
Em suma, os dois artistas aqui expostos com seus percursos registados em vários espaços internacionais testemunha a grandeza e a dimensão individual no que concerne ao seu humanismo e criatividade. Não é sem razão que lhes é atribuído o título de Doutor Honoris Causa. Na verdade, eles abrem constelações e possibilidades de releituras numa perspectiva interdisciplinar e transdisciplinar sejam em temas, meios de produção, materiais que proporcionem estudos e debates que galvanizem o desenvolvimento em geral, em particular da história de arte moçambicana.




Artista de etnia Makonde, nasceu em 1945 na aldeia de Nimu, no planalto de Mueda, na província de Cabo Delgado, é considerada por alguns críticos de arte uma das artistas femininas mais importantes do continente Africano.
Filha de camponeses, recebeu a educação tradicional da etnia Makonde, e aprendeu a fazer objectos utilitários em barro, tal como as outras meninas e mulheres da comunidade. Viveu pessoalmente o período da luta de libertação de Moçambique tendo, por essa razão, passado vários períodos da sua vida entre a província de Cabo Delgado e a Tanzânia. A partir de 1975 a sua vida mudou. A cerâmica utilitária que fazia transformou-se, Reinata tornou-se conhecida pelas suas formas estranhas. As suas peças começaram a ser compradas por cada vez mais apreciadores. Devido a guerra, que voltou a acontecer em Moçambique emigrou (nos anos 80) para Tanzânia onde permaneceu por vários anos. Quando regressou a Moçambique continuou a trabalhar e a fazer as suas peças cada vez mais estranhas. Vive actualmente em Maputo para onde veio no início dos anos 90. Aqui realizou, em 1992, a sua 1ª exposição individual na Galeria Afritique, que actualmente já não existe. Tornou-se conhecida e o seu trabalho foi valorizado e apreciado.
Foi convidada a participar em exposições em workshops em vários países. Continua a trabalhar e expõe com regularidade. A sua obra está representada no Museu Nacional de Arte de Maputo, Museu Nacional de Etnologia (Lisboa), em diversas colecções em Portugal, na Suíça e em outros países, incluindo a sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Realizou exposições individuais e colectivas em Moçambique, Portugal, Suíça, Tanzânia, África do Sul, Dinamarca, França, Itália e EUA. Recentemente (2007) apresentou uma exposição no Centro de Estudos Brasileiros (CEB).
Ao longo da sua carreira recebeu vários prémios, é Doutora Honoris Causa pelo Instituto Superior de Artes e Cultura de Moçambique. As suas obras fazem parte de colecções públicas e privadas na Itália, Suíça, Portugal, França, Bélgica, Dinamarca, África do Sul, Tanzânia, Moçambique, entre outras partes do mundo.
Exposições Individuais (seleccionadas)
2017 – “Nimerudi”, Centro Cultural Brasil-Moçambique, Maputo-Moçambique;
2004 - Makono la Mashiano / Mãos de Escultura, Perve Galeria, Lisboa, Portugal;
1990 – Nyumba ya Sanaa, Dar es Salaam, Tanzânia.
Exposições Colectivas (seleccionadas)
2017 – Galeria: Arte de Gema, Maputo-Moçambique;
2016 – Galeria: Arte de Gema, Maputo-Moçambique;
2006 - "Reinata e Shikhani", Perve galeria, Lisboa, Portugal;
2005 - Arte Lisboa 2005, Stand da Perve Galeria, Lisboa, Portugal;
- Transitions, Brunel Gallery, Londres, Reino Unido;
- Às Portas do Mundo, Palácio D. Manuel, Évora, Portugal;
2004 – Fragile Terra di Mozambico, Botteghe della Solidarietà, Milâo, Itália;
- Da Convergência dos Rios, Perve Galeria, Lisboa, Portugal;
- Mais a Sul, Culturgest, Lisboa, Portugal;
- Offenes Atelier, Basileia, Suíça;
- Perve Acervo 03 – Perve Galeria, Lisboa, Portugal;
2003 – Latitudes 2003, Hôtel de Ville de Paris, Paris;
- Porto Arte – 2ª Feira de Arte Contemporânea do Porto, Portugal;
- Acervo 02 – Mostra de Arte Contemporânea, Perve Galeria e Parque da Saúde, Lisboa, Portugal.
2002 – Perve Acervo – 2001, Ed. Banco de Portugal, Leiria, Portugal;
– Sulcos (roxos) do olhar – lusofonia no feminino, Perve Galeria,
Lisboa, Portugal;
– Arte Contemporânea de Moçambique, Galeria de Arte da Cervejaria Trindade, Lisboa, Portugal;
- Paz e Compreensão Mundial, Fortaleza de Maputo, Maputo, Moçambique;
- Murmúrios Conjuntos, Sindicato Nacional dos Jornalistas, Maputo, Moçambique;
- Kanimambo, Roma, Itália;
2001 – Regine d’Africa, Rocca di Umbertide, Perugia, Itália;
- Maninguemente Ser, Perve Galeria – Lisboa, Portugal;
– Sur-Sensus, Perve Galeria – Lisboa, Portugal;
2000 - Olhos do Mundo, Perve Galeria- Lisboa, Portugal;
- Cerâmica, Centro Cultural Português, Maputo, Moçambique.
- Arte Assinada no Feminino, Museu Nacional de Arte, Maputo, Moçambique.
1998 – Maputo, Moçambique;
- Expo 98, Lisboa, Portugal;
1997 – Maputo, Moçambique e Lisboa, Portugal;
1996 – Maputo, Moçambique e Dinamarca;
1995 – Bienal TDM, Maputo, Moçambique;
- Bienal de Joanesburgo, África do Sul;
- Centro de Estudos Brasileiros, Maputo, Moçambique.
1994 – Maputo, Moçambique;
1993 – Maputo, Moçambique;
1992 - Cabo Delgado e Maputo, Moçambique;
- Maputo, Moçambique.


Justino Cardoso nasceu a 30 de Novembro de 1960, em Namapa-Eráti, na província de Nampula. É artista gráfico, actor e encenador de teatro, nesta área destaca-se na introdução do teatro nas aldeias comunais, empresas, escolas e centros educacionais.
A sua relação e paixão com as artes começa em 1967, com apenas 7 anos de idade, na Escola Primária Oficial de Namapa. A partir daí, seus pais e suas professoras descobriram o seu talento quando este desenhava sobre os livros e cadernos, o que obrigou as professoras a chamarem várias vezes seus pais para intervir no caso.
Tem 20 livros publicados traduzidos nas línguas: Inglês, Francês, Italiano e Alemão. Em 2018, o laboratório mundial de Física de partículas conhecida como CERN (antigo acrónimo para Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) lança um livro com os desenhos de Justino Cardoso e relatórios de cientistas e engenheiros da mesma instituição.
Publicações ilustradas
2018 – ABC da Saúde com textos de professores da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Lúrio, destinados a crianças do primeiro e segundo níveis escolares de Moçambique, Loreleo Editions;
2015 – Nacala-Velha, 1976-2015 Ascensão duma Religião Flagelada pela Guerra, fome e miséria, Alcance Editores;
2014 – Malangatana, Loreleo Editions;
2014 – Livro de Banda Desenhada “Armando Guebuza – Desenvolver Moçambique” (2004-2014);
2014 – Um povo uma imagem, os Makua de Moçambique, Loreleo Editions;
2012 – Livro de Banda Desenhada “Lendas Makonde”;
2010 – A lenda da origem do povo Makonde de Moçambique, Pedro Guilherme Kulyumba (texto) e Justino António Cardoso (ilustrações), Loreleo Editions;
2009 – Livro em Banda Desenhada “Moçambique 1498-2009”;
2009 – Moçambique 1498-2009, Grupo Editorial LeYa Moçambique;
1998 – Trabalhos ilustrados na revista Vida Nova, do Centro Catequético Paulo VI, Anchilo-Distrito de Nampula.
Exposições Individuais
2015 – História da prostituição no tempo Colonial, Nampula;
2012 – Exposição “Os Makuas de Moçambique”;
2012 – Exposição “Vida e obra de Eduardo Mondlane”;
2011 – Rasto de um Cometa, Museu Nacional de Etnolografia de Nampula;
2011 – Exposição sobre a vida do Primeiro Presidente Samora Machel - MUSET
1989 – Exposição de Banda Desenhada “Origem Guerreira em Moçambique”, no XIII Festival Mundial de Juventude e Estudantes em Pyongyang, na Coreia do Norte.
Exposições Colectivas
2017 – Exposição LIBERDADE – arte de Moçambique e Tanzânia, Galerian Hofkabinett Linz em Áustria;
2017 – Exposição Arte sem Fronteiras, Centro Cultural Marko Cepenkov em Prilep, Norte de Macedónia;
2015 – Expõe de forma permanente no Projecto de reforma do sector público na vertente de Boa Governação e Combate a Corrupção.